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1 de maio de 2010

entre sorrisos desconcertados,

          Dois anos se passaram desde o dia em que te perguntei as horas na entrada do metro, desde o dia em que me apaixonei por seu sorriso desconcertado, desde aquele dia em que a chuva levou os estilhaços de uma paixão repentina.
         O fato de todos os dias desde aquele a dois anos atrás eu ter pegado o mesmo metro, a mesma hora, com o mesmo garoto do sorriso desconcertado e um relógio gasto, e sempre perguntar as horas, fazia com que cada dia mais eu me viciasse nele, me fez amá-lo, simplesmente por ser como é.
        Lembro-me claramente de uma segunda-feira nublada, em que meus olhos o procuraram de modo desesperado, em vão, e foi assim no dia seguinte e seguinte, passaram-se alguns meses e meus olhos não desistiram de te achar, novamente, em vão.
         Me perdi nas lembranças, e agora estava atrasada para o metro - o mesmo de dois anos atrás - , corri o mais rápido que pude, e quando entrei um senhora me virou, e perguntou-me ao me mostrar uma foto : 
- Me desculpe mocinha, mas é você não é ?

- Sou sim - respondi analisado a fotografia , onde eu estava aqui nesse mesmo metro, mas eu não parecia a mesma, eu estava feliz.

- Eu achei essa foto nas coisas do meu neto, bem tem muitas outras.

- Quem é seu neto ? - perguntei confusa
           Ela me mostrou uma foto do meu menino, de sorriso desconcertado e um relógio gasto que tanto me era útil todas as manhãs, eu chorei, desabei.


- Calma minha menina, ele não ia querer te ver assim.

- O-o que houve ? - perguntei entre os soluços do choro mais puro da minha vida.

- Ele esta em coma, sofreu um acidente, a dois anos atrás, vão desligar os aparelhos hoje. E quando te vi aqui ontem, lembrei-me dessas fotos, e achei que ele ia querer que eu te entregasse isto antes de morrer.- Ao pronunciar a ultima palavra sua voz frágil e rouca tremeu. Ela me estendeu um bilhete.

Meu nome, eu te, Bem, São 05:00 horas agora, não consegui dormir,
por que não aguento mais esconder o que eu sinto por uma certa garota de all star surrado e um sorriso desconcertado que faz meu coração bater mais forte. Hey garota, eu te amo.

      Nem mesmo digeri o que estava escrito, o metro parou, eu desci a avó sussurrou o nome do hospital, entramos em um taxi, quando cheguei no hospital, corri como nunca havia corrido antes. Ele estava lá, dormindo, gelado, haviam desligado os aparelhos. Colei minha boca na dele e sussurrei entre seus lábios:
- Hey, garoto, eu te amo.
        Ouvi um grito abafado de ' não ' ,vindo daquela simpática senhora que eu havia conhecido a poucos minutos no metro, enquanto meu corpo vazio cai da janela do 5° andar .

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