Ele tinha 70 anos quando chegou ao hospital com alzheimer, os tratamentos iam bem, a doença chegou a congelar, ele estava tão feliz, tão vivo, eu nunca havia visto ninguém assim, os anos passavam mas seu espírito ainda era o mesmo jovem e aventureiro de tempos atrás.Com o tempo nós nos tornamos dependentes um do outro, íamos ao parque, ele me contava suas histórias de vida, as viagens pelo mundo, e eu lhe contava histórias dos livros, eu lia pra ele todos as noites.
No meu aniversário de 32 anos, ele fugiu do hospital foi até sua antiga casa, e me trouxe uma bailarina rosa que ele havia ganhado de uma bailarina russa da qual ele foi apaixonado e que sempre me causou tanto fascinio quando ele me contava.
Estavamos mais ligados que nunca, ele era meu melhor amigo, e eu sua melhor amiga, mas então o tratamento foi perdendo a eficácia, e a doença progredindo, e no seu aniversário de 78 anos o meu pete nem falava com precisão.
Peter Harrison, diagnóstico : alzheimer avançado.
Era isso que constava na ficha de pete, e era isso que me destrói a cada manhã em que ia lhe prescrever um remédio. Era uma sexta feira a noite quando eu estava dando a sopa para pete, ele recobrou a lucidez por alguns poucos minutos e sussurrou :
- Me deixe partir annie, não deixe isso continuar minha pequena, me liberte, me mate !
Aquelas palavras foram duras e cortantes, mas eu sabia que eram verdadeiras, pete não era mais o mesmo, não era o meu menino das aventuras contadas, histórias lidas e sorrisos compartilhados, era apenas um corpo agora , que se degradava e entregava lentamente a uma doença cruel.
E então eu me vi com a seringa a mão, puxei um pouco de ar, beijei-lhe o alto da testa, seus olhos antes fitavam a parede, se viraram para mim, e eu senti meu pete ali mais uma vez, eu lhe injetei o ar, e ele sorriu. Sua mão que antes segurava a minha caiu sobre a cama, juntamente com minhas lágrimas.
Inspirado em um episódio de Ghost Whisperer !